ENGATE
JANUARY 26 TO FEBRUARY 11, 2023: DRAWING + PAINTING
There are invisible cities that exist between walls, behind bushes, monuments and ruins. Affections that meet and mismatch, loves and fears that live for a second. Silent languages. Exchanges of symbols and fluids. Sincere lies of looks that seek each other. Not just by finding a similar one, but looking for yourself. From this anxious space of fleeting feelings speaks the exhibition “Engate” by André Niemeyer, his first solo show in Portugal.
When their expressions of gender, affection and sexuality are denied; Gay men were left to create their own places and methods of freedom. Black carnations and colorful bandanas. Sometimes Eden, sometimes Sodom. Red fruits and salt statues. Wild nocturnal animal sanctuaries. Only they are granted access to this secret fraternity.
Cruising, making out, warming up. Aterro do Flamengo, Parque das Nações. Their names and locations are distinct, but there are smells in looks and words in touches that permeate the sexual tension of anonymous men in the dark. Here, Niemeyer seems like a certain romantic painter entering a dark forest and fascinated by its dangerous seduction.
The artist talks about the erotic experience in these spaces, always walking hand in hand with his lyrical self. They go into the dark and become filthy, imbued with the world. Of the experiences it can offer and the lost glances that sneak by.
Like wild beings, they weave their complex coded systems. Hands tense, classic drapery draped over the feet, empty bottles of a sexual alchemy kept only by those who know its secrets. A furtive environment in which “love is not time, nor is it time that makes it”*.
*Excerpt from “Canção do Engate” (1984) by António Variações.
Felippe Moraes
Rio de Janeiro, 2023
ENGATE
26 de JANEIRO A 11 de FEVEREIRO DE 2023 : DESENHO + PINTURA
Há cidades invisíveis que existem entre muros, por trás de arbustos, monumentos e ruínas. Afetos que se encontram e desencontram, amores e temores que vivem por um segundo. Linguagens silenciosas. Trocas de símbolos e fluidos. Mentiras sinceras de olhares que se buscam. Não só por encontrar um semelhante, mas à procura de si mesmo. Desse espaço ansioso de sentimentos fugidios fala a mostra “Engate” de André Niemeyer, sua primeira individual em Portugal.
Ao serem negadas as suas expressões de gênero, afeto e sexualidade; aos homens gays coube criar seus próprios lugares e métodos de liberdade. Cravos negros e bandanas coloridas. Ora Éden, ora Sodoma. Frutos vermelhos e estátuas de sal. Santuários selvagens de animais noturnos. Somente a eles é franqueado acesso a essa confraria secreta.
Cruising, pegação, aquendação. Aterro do Flamengo, Parque das Nações. Seus nomes e locais são distintos, mas há cheiros em olhares e palavras em toques que perpassam a tensão sexual de homens anônimos no escuro. Aqui, Niemeyer parece um certo pintor romântico adentrando uma floresta escura e fascinado pela sua sedução perigosa.
O artista fala da vivência erótica nesses espaços caminhando sempre de mãos dadas com seu eu-lírico. Eles se embrenham no escuro e tornam-se imundos, imbuídos de mundo. Das vivências que ele pode oferecer e dos olhares perdidos que se esgueiram.
Como seres silvestres, tecem seus complexos sistemas codificados. Mãos retesas, panejamentos clássicos caídos sobre os pés, vidros vazios de uma alquimia sexual guardada apenas pelos conhecedores dos seus segredos. Um ambiente furtivo em que “o amor não é o tempo, nem é o tempo que o faz”*.
*Trecho da “Canção do Engate” (1984) de António Variações.
Felippe Moraes
Rio de Janeiro, 2023